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A competitividade é um conceito que integra diferentes dimensões de análise da esfera empresarial e das políticas públicas, ao nível regional, nacional e internacional, comportando em si mesmo um leque complexo de indicadores de suporte que dão resposta a cada uma destas vertentes.
A análise da competitividade no Alentejo Central apoia-se num conjunto de indicadores de natureza macro e micro económica que possibilitam uma análise simultaneamente estrutural e conjuntural do grau de competitividade e inovação desta sub-região. Um desses indicadores-chave é o PIB que traduz a dinâmica económica global do território. À semelhança do que acontece com o Alentejo, o Alentejo Central registou um ligeiro crescimento dos valores do PIB entre 2006 e 2009, ano em que o seu Produto Interno Bruto representava cerca de 2.209 Milhões de Euros. O Alentejo Central segue deste modo a tendência regional e nacional de atenuado crescimento do Produto Interno Bruto, sendo inclusivamente de todas as NUTS III do Alentejo, a sub-região que apresenta o maior peso relativo no PIB, com exceção da Lezíria do Tejo, o que revela o papel desta sub-região no reforço da competitividade económica da Região Alentejo.
Localização geográfica (NUTS – 2002 | Alentejo | Alentejo Litoral | Alto Alentejo | Alentejo Central | Baixo Alentejo | Lezíria do Tejo |
Estabelecimentos Hoteleiros | 10.591 | 3.211 | 1.950 | 2.885 | 1.432 | 1.113 |
Hotéis | 4.355 | 481 | 1.246 | 1.503 | 659 | 466 |
Pensões | 3.314 | 1.030 | 453 | 849 | 484 | 498 |
Estalagens | 434 | 0 | 87 | 116 | 99 | 132 |
Pousadas | 706 | 140 | 112 | 344 | 110 | 0 |
Motéis | 17 | 0 | 0 | 0 | 0 | 17 |
Hotéis-apartamentos | 1.262 | 1.202 | 0 | 0 | 60 | 0 |
Aldeamentos turísticos | 141 | 68 | 0 | 73 | 0 | 0 |
Apartamentos turísticos | 362 | 290 | 52 | 0 | 20 | 0 |
Já o setor agrícola votado nas últimas décadas a alguma estagnação parece ter encontrado na fileira agroalimentar uma proposta de revitalização, aparecendo os vinhos, azeites e produtos tradicionais de qualidade (como os enchidos e os queijos), como atividades com potencial de internacionalização e sustentáculo da atividade económica regional. Este movimento ocorre a par de uma tendência de regresso à atividade agrícola e ao mundo rural por parte de empresários mais qualificados e inovadores que têm vindo a transformar o setor na região, adaptando-o a mercados mais exigentes.
A par destes setores ditos tradicionais a sub-região tem atraído investimentos relevantes em setores emergentes como a aeronáutica e as tecnologias da informação e comunicação, com unidades de produção recentemente localizadas em Évora.
Para a análise da competitividade da unidade territorial releva ainda a avaliação da capacidade inovadora enquanto dimensão chave de análise do seu potencial competitivo e de crescimento na economia global. Vários indicadores são usualmente considerados para medir essa capacidade, tanto no quadro da Sociedade de Informação como do desenvolvimento científico e tecnológico.
O Alentejo revela, em 2010 indicadores de I&D – Investigação e Desenvolvimento, aquém da média nacional, sendo a penúltima no ranking das NUT III da Região no que se refere aos indicadores de despesa de I&D nas empresas e no estado. Ainda assim, deverão ser tidos em conta os esforços realizados pela sob região Alentejo Central que apresenta uma Despesa Média em I&D por Unidade bastante superior à da Região, como se verifica no Gráfico abaixo.
O Alentejo Central contribui ainda de forma significativa para o conjunto de sociedades e de empresas em nome individual da Região Alentejo (sem a Lezíria do Tejo), quando comparado com as restantes unidades territoriais, constituindo-se, deste modo, como um dos territórios com maior capacidade empresarial.
Tendo por base o conceito de inovação visto em sentido lato, o que significa sumariamente que as atividades de inovação incidem não só em melhorias nos serviços ou produtos, mas também sobre processos de produção e organização da empresa, pode referir-se que segundo INE, o Alentejo tinha em 2010 uma percentagem de empresas inovadoras semelhante à considerada para o país e que rondava os cerca de 60%.
Este quadro já não parece tão favorável quando se considera o volume de negócios resultante da venda de novos produtos. Neste caso, e como se percebe da figura abaixo, a Região Alentejo, apresenta valores bastante inferiores aos da média nacional, ficando mesmo em último lugar no ranking das regiões portuguesas.
Esta sub-região contava em 2010 com cerca de 25.000 empresas e sociedades, o que corresponde a 24% do tecido empresarial regional (35% se excetuarmos a Lezíria do Tejo). Esta malha empresarial é integrada, para além das empresas de micro e pequena dimensão, por um conjunto de empresas de grande dimensão no contexto regional, sendo de destacar como setores mais dinâmicos a indústria automóvel, a indústria de componentes eletrónicos, a cortiça e derivados, as rochas ornamentais e o setor agroalimentar. Como setores emergentes no Alentejo Central identificam-se as tecnologias de informação e comunicação (TIC) e a aeronáutica, que já apresentam projetos e empresas com dimensão significativa e elevados níveis de competitividade.
Uma análise mais fina no que se refere à categorização das empresas em termos da subclasse CAE a que pertencem, permite verificar esta tendência. Esta análise permite ainda perceber que no Alentejo Central, em 2010, as empresas da classe comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos são as mais numerosas, representando 21% das empresas sedeadas na NUT.
Deve ainda relevar-se, em termos de representatividade nesta unidade territorial a predominância das empresas agrícolas, de produção animal, caça, floresta e pesca (16%), seguem-se por ordem de importância as empresas da classe Alojamento, restauração e similares e de atividades administrativas e dos serviços de apoio (com 9% cada), e as das atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares (8%) do total de empresas).
A evolução do VAB ao longo dos últimos anos destaca sobretudo a evolução relativa do setor dos serviços. Efetivamente, entre o ano 2006 e o ano 2009, o reforço do VAB associado ao setor terciário, concomitantemente com a paralisação e até decréscimo dos setores secundário e primário, levam-nos a concluir que o setor dos serviços ocupa, cada vez mais, um papel preponderante no incremento da competitividade regional. O Alentejo Central segue a tendência verificada para o conjunto da Região Alentejo, em que o setor primário exerce um papel cada vez menos relevante a nível da economia desta sub-região. Quanto ao setor secundário, este tem vindo a sofrer das oscilações da envolvente económica que têm originado um decréscimo do setor industrial, assim como da sua dinâmica e importância no quadro económico global.
A análise da estrutura do emprego na Região Alentejo, por sub-regiões, corrobora estas afirmações. O Alentejo Central segue a tendência geral das outras NUTS III, embora o setor terciário se destaque mais fortemente nesta sub-região. Este facto poderá estar relacionado com o facto de em Évora se concentrarem as Direções Regionais dos serviços centrais do Estado, que empregam uma grande fatia da população. Excetuando a Lezíria do Tejo é no Alentejo Central que o setor terciário emprega mais população.
A indústria assume-se como o segundo grande empregador no Alentejo Central, largamente concentrada nos concelhos de Évora, Vendas Novas e nos municípios que configuram a zona dos mármores (Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Alandroal).
O setor primário deixou de ter, nas últimas décadas, a importância relativa que durante muitos anos caracterizou a Região Alentejo. Com efeito, apesar de empregar ainda alguma população, o setor primário enferma de algumas debilidades, constituindo-se cada vez mais como o setor que menos população residente emprega.
A análise do grau de utilização das TIC e da aposta em fatores de inovação por parte do tecido empresarial a nível sub-regional é possibilitada pelos resultados do Estudo “Inovação e TIC na Região Alentejo: Novos Perfis Profissionais”.
A informação disponível permite revelar uma relativa banalização do uso das TIC pelas empresas do Alentejo. Com efeito, cerca de 80% das empresas possuía um ou mais computadores, no Alentejo em 2006, sendo esta percentagem mais ou menos homogénea quando se tem em conta os dados distribuídos pelas NUTS III.
É todavia na sub-região Alentejo Central que um maior número de microempresas faz recurso à utilização de computador, a julgar pelos dados retirados do estudo acima referido.
Ao nível das atividades de transporte, armazenagem, energia e água, extração e serviços financeiros, constata-se que 100% das empresas sedeadas no Alentejo Central recorrem à utilização de computadores, sendo o alojamento e restauração o setor onde as empresas menos recorrem à utilização de computadores (47%), seguido do comércio por grosso e retalho (69%). Esta situação pode ter origem na reduzida dimensão das empresas em questão e também no baixo nível de instrução dos empresários, que origina baixos níveis de sensibilização e de consciencialização relativamente às TIC.
Ainda de acordo com o Estudo Inovação e TIC na Região Alentejo: Novos Perfis Profissionais que temos vindo a citar, no que concerne às atividades ligadas à inovação empresarial e ao investimento das empresas em I&D, é nos setores da prestação de serviços às empresas, indústria transformadora e transportes que maior número de empresas desenvolve atividades de cariz inovador.
A nível dos setores de atividade em que as empresas apresentam maior intensidade no desenvolvimento de inovação, destacam-se no Alentejo Central as que trabalham nos setores dos transportes, armazenamento e comunicações, sendo igualmente de destacar as empresas de prestação de serviços e outras empresas da indústria transformadora. Os setores referidos experimentam rápidas mutações no seu mercado, pelo que exigem igualmente respostas mais céleres dos empresários. Estas necessidades de adaptação às condições do mercado levam-nos a apostar no desenvolvimento de atividades de inovação que apoiem processos de melhoria a nível dos produtos e serviços prestados, assim como ao nível da resposta mais eficiente e eficaz às exigências dos seus clientes.
No que respeita à dimensão da malha empresarial concelhia, Évora, Estremoz, Montemor-o-Novo, Reguengos de Monsaraz e Vendas Novas destacam-se dos restantes concelhos pelo facto de apresentarem um maior número de empresas sedeadas, sendo que Évora lidera de forma isolada este ranking, com uma densidade empresarial que é significativamente superior à dos restantes municípios em valores absolutos. A este facto parece estar associada a dimensão geográfica destes concelhos, o que induz à presença de maior número de empresas, assim como a dinâmica infundida por determinados setores de atividade económica, sendo de destacar, entre outros, a indústria agroalimentar.
A malha empresarial do Alentejo Central é constituída essencialmente por empresas de pequena e de muito pequena dimensão.
Estes dados demonstram que o tecido empresarial regional enferma de algumas fragilidades e ameaças, uma vez que as empresas de pequena dimensão, embora caracterizadas por uma grande agilidade e por uma rápida capacidade de redefinição das suas estratégias, enfrentam grandes dificuldades em vários domínios, como é o caso do acesso ao financiamento e da capacidade interna de desenvolvimento de atividades direcionadas para a internacionalização.